“Não sinto que esteja a evoluir. Já não há alegria no meu trabalho”
“Eu costumava ter medo do domingo à noite. Agora não, é mais um domingo, uma segunda, uma terça, quarta, quinta-feira.”
“Sinto-me desesperado e preso com este mercado de trabalho, não há lugar que possa ir.”
Manifestações como as que estão ilustradas em cima, atingiram um ponto elevado nos últimos seis meses. Todos conhecemos alguém que sofre ou já sofreu de Burnout. A atual situação pandémica (Covid-19) testou os líderes de diversas formas, nomeadamente no que respeita à identificação de sinais de alerta para o Burnout no local de trabalho ou mesmo por via do teletrabalho.
“A previsão Global de Liderança de 2021 para a minha empresa, revelou que os líderes estão com níveis elevados de Burnout. Este estudo descobriu que cerca de 60% dos líderes se sentem completamente exaustos no final de um dia de trabalho, revelando assim sinais de exaustão e esgotamento”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o Burnout como uma patologia que se associa fundamentalmente a questões laborais. A OMS define ainda que o Burnout é um resultado de “stress crónico face ao trabalho que não foi realizado com sucesso”.
O Burnout é considerado uma doença relevante, que tem tendência a surgir no contexto de trabalho. Neste sentido, cabe aos líderes auxiliarem as suas equipas e a sua organização com o intuito de gerir e amenizar os sintomas de esgotamento que possam existir. No entanto, somente 18% dos líderes se sentem confiantes e capazes de ajudar os seus colaboradores (através das suas capacidades) a evitar uma possível sintomatologia de Burnout. “Eu recomendo que os líderes se foquem no surgimento e, consecutivamente, no evitamento do Burnout nos seus colaboradores, tendo por base as três super habilidades de liderança”.
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Empatia
Demonstrar empatia é uma habilidade essencial para ajudar a amenizar níveis de Burnout, no entanto, muitas pessoas não compreendem a importância e o significado de demonstrar empatia.
A empatia é a capacidade de compreender e/ou entender como a outra pessoa se sente. No âmbito deste artigo, a empatia refere-se à forma como a pessoa interpretará as respostas do seu líder e, naturalmente, como a fará sentir-se.
Neste sentido, a empatia é considerada o centro da inteligência emocional, isto é, refere-se à capacidade de ouvir o outro e conseguir perceber os sentimentos que estão associados ao que este expressa. Verdadeiramente, reconhecer as emoções do outro, é o ponto chave da empatia.
Numa situação com níveis consideráveis de tensão e emoções negativas, como a experienciada por colaboradores com sintomatologia de Burnout, a empatia é fundamental para que estes níveis atenuem. Por exemplo, se um colaborador afirmar: “Isto está uma loucura!” e o seu líder responder: “Eu sei como se sente”, provavelmente o colaborador irá sentir que o seu líder o ouviu mas não o compreendeu. Assim, torna-se pertinente que o líder, nesta situação, desenvolva estratégias de empatia. Neste caso, uma resposta mais adequada por parte do líder seria: “Parece-me que se está a sentir sobrecarregado (reconhece o sentimento) devido ao défice de colaboradores na sua equipa (reconhece o facto)”.
A empatia permite que os outros se sintam ouvidos e compreendidos. Assim, demonstrações estruturadas da empatia possibilitam aos líderes a estabilização de uma determinada situação e a capacidade para encorajar e ajudar os seus colaboradores.
Infelizmente, o presente estudo refere que, face à autoavalição dos líderes, a empatia diminuiu cerca de 15% durante a atual situação pandémica, nomeadamente, quando os colaboradores mais necessitavam. Este declínio demonstrou igualmente que os líderes se encontram com níveis consideráveis de stress e exaustão.
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Coaching e Delegação
Nos momentos stressantes, quando o Burnout se encontra presente nalgum indivíduo, o coaching e a delegação revelam-se pertinentes para motivar e energizar os seus colaboradores, aumentando assim a sua produtividade.
Líderes excelentes usam estratégias de coaching e delegação para garantir que os seus colaboradores detenham de quantidades equilibradas de trabalho e de recursos. Assim, os líderes mostram aos seus colaboradores que se encontram envolvidos e consideram o seu sucesso profissional. Quando executados corretamente, o coaching e a delegação podem aumentar as capacidades dos seus colaboradores no que respeita à demonstração das suas necessidades, aumentando assim o seu comprometimento, os seus resultados e as suas capacidades profissionais.
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Objetivo
A capacidade de um líder influenciar a sua equipa, pode ser pertinente para melhorar a direcionar a sua organização. Isto torna-se verdadeiramente relevante em tempos de incerteza ou crise, quando há necessidade de agir rapidamente e de enfrentar desafios contínuos. Assim, um líder pode usar as suas capacidades para influenciar e motivar a sua equipa para objetivos comuns.
Quando um líder é capaz de reunir a sua equipa em torno de um objetivo comum, naturalmente irá aumentar o comprometimento dos colaborados com a organização. Os colaboradores, ao estarem comprometidos e envolvidos, poderão aumentar os seus níveis de energia e exercer o seu trabalho de forma mais eficaz.
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O risco de deixar o Burnout sem controlo
A retenção é um dos efeitos mais comuns da exaustão provocada pelo Burnout. “Com base na minha experiência, os colaboradores com um alto potencial de liderança têm mais probabilidade de sair da organização. Do mesmo modo que este impulso os leva a sair, também propicia um aumento de esforço por parte dos mesmos, em tempos de crise”. Provavelmente, estes colaboradores permanecem em silêncio por medo de perderem uma oportunidade, contudo, têm mais probabilidade de saírem da organização do que os restantes colaboradores”.
O Burnout também representa um risco elevado para as diversas populações das organizações. Estas, progrediram em relação à sua diversidade de liderança, na última década, incluindo uma maior taxa de promoções para as empresas minoritárias. No entanto, existem sinais de que os níveis de retenção são mais elevados. Os líderes de minorias, têm maior probabilidade de mudar de empresa para conseguirem continuar a progredir nas suas carreiras profissionais.
Os líderes detêm de um papel fulcral para minimizar o desgaste e exaustão nas suas equipas. Torna-se pertinente que estes melhorem e coloquem em prática as suas super habilidades, no que respeita à empatia, coaching, delegação e influência, de forma a motivar os seus colaboradores. Deste modo, a organização deterá de colaboradores mais preparados e com maiores capacidades para evoluírem nas suas carreiras profissionais a longo prazo.