Lembro-me da minha primeira entrevista de emprego. Foi há muito tempo. Era muito jovem e precisava de aprender a ser verdadeiro comigo mesmo.
Encontrava-me à procura de um emprego de verão, entre a licenciatura e a pós-graduação, e lembro-me de pensar: “Responde como eles [os entrevistadores] querem que respondas, não importa o que aconteça”.
Consegui aquele emprego, e no início fiquei emocionado. Assim que comecei a trabalhar, no entanto, odiei-o. Mal podia esperar que o verão acabasse!
O que podia ter feito melhor? Como poderia a entrevista ter corrido melhor para conseguir não só um emprego, mas o emprego que queria?
Apresentar o seu verdadeiro eu, autenticamente desenvolvido, é talvez a parte mais importante na sua entrevista. Saber quem é e compreender como isso o ajuda – ou pode não ajudá-lo – no seu trabalho e na sua vida, permite-lhe numa entrevista de emprego apresentar-se de forma autêntica ao empregador. A partir daí, o empregador consegue decidir se existe um bom match entre si e a função a desempenhar.
Mais importante ainda, saber quem é, permite-lhe decidir se o trabalho e o ambiente de trabalho são realmente adequados para si.
Uma forma de compreender quem é passa por aprender mais sobre as suas preferências de personalidade. Uma ferramenta que muitas pessoas usam para o fazer é o Myers-Briggs Type Indicator (MBTI).
Compreender-nos sem rótulos nem limites
O MBTI dá-nos alguma compreensão da forma como recebemos informações e como tomamos decisões. O MBTI não tem por objetivo rotular ou limitar ninguém.
Por exemplo, e apesar do que muitos pensam, não existe um “extrovertido” ou um “introvertido”. Em vez disso, a ferramenta MBTI tenta ajudar-nos a compreender se temos uma preferência pela extraversion ou introversion, juntamente com outras preferências. Existe uma diferença, e é enorme.
Quando falamos de extrovertidos ou introvertidos, limitamos as pessoas. Quando a vemos como uma questão de preferência e não de identidade, compreendemos que cada um de nós usa a extraversion e a introversion, todos os dias, para ser eficaz e produtivo tanto no trabalho como na vida.
Mencionamos a extraversion e a introversion até agora, mas o MBTI tem quatro pares de preferências:
- Extraversion vs. Introversion – de onde retira a sua energia
- Sensing vs. Intuition – que tipo de informação prefere usar
- Thinking vs. Feeling – os critérios que usa para tomar decisões
- Judging vs. Perceiving – como organiza o mundo externo
Vamos explorar como a forma como recebe informação e toma decisões pode ajudá-lo na sua próxima entrevista.
Extraversion vs. Introversion
Saber como está energizado e o impacto que isso tem nos outros pode ter um valor inestimável numa entrevista.
A minha preferência é pela introversion e obtenho a minha energia durante momentos de reflexão. Isto funciona para mim na grande maioria das vezes, mas há alturas em que preciso de ir além do que é confortável e usar o meu lado extraversion.
Na verdade, eu não teria o meu atual emprego se não tivesse esta flexibilidade para a extraversion. Estava num aeroporto, vi alguém que conhecia de outra empresa e quase que não me apresentei. Queria ficar no meu espaço de introversion. No entanto, fui flexível e aquela pessoa acabou por me contratar.
O que é “flexing”? É, acima de tudo, honrar quem é, mas também ter a flexibilidade de recorrer ao outro lado da preferência – no meu caso, da introversion à extraversion – dependendo da situação.
Imagine que está numa entrevista e tem preferência pela extraversion.
Esta extraversion pode funcionar, especialmente se essa for a mensagem que o entrevistador reflete. No entanto, há momentos em que as pessoas que preferem a extraversion podem sobrecarregar uma situação ou dizer mais do que o necessário. Isto é especialmente verdade em momentos de stress (e a maioria de nós fica muito stressado durante entrevistas).
Uma dica para aqueles que preferem a extraversion: Pense em fazer uma pausa antes da sua resposta. Refletir antes de responder a todas as perguntas mostra que pode ser atencioso. A flexibilidade demonstra que consegue equilibrar a sua energia extrovertida com a capacidade de refletir.
Se a sua preferência é a introversion, esta energia também pode funcionar para si. Muitas vezes as pessoas gostam de ser ouvidas. Lembre-se que durante uma entrevista, os entrevistadores querem saber mais sobre si. Se refletir em demasia, será difícil para um empregador saber se, e como, se enquadra na empresa.
Uns dias antes da entrevista, pense nas perguntas que lhe podem fazer e escreva as suas respostas. Desta forma, terá respostas pensadas para usar quando for necessário. Lembre-se, quer honrar a sua preferência pela introversão, mas também não quer defraudar o entrevistador.
Uma dica para aqueles que preferem a introversion: Repetir a pergunta que lhe foi feita dá-lhe tempo para refletir e pensar numa resposta significativa.
Ao compreender melhor as suas preferências naturais e equilibrá-las, sendo flexível para novas áreas, pode apresentar o seu eu autêntico da melhor forma possível durante as entrevistas de emprego. Isto aumenta a probabilidade de garantir uma posição que seja ajustada a si.
Artigo Original: For an Authentic, Effective Job Interview, You Must First Understand Your Own Personality Type