A segurança psicológica é, hoje em dia, imprescindível em qualquer contexto, como o da saúde, tecnologia, economia, entre outros. Após a existência da pandemia Covid-19, a segurança psicológica ganhou uma maior relevância, em termos de agilidade, diversidade, inclusão e o trabalho online. Mas devido a essa onipresença vem o mal-entendido. Um equívoco crucial entre os líderes empresariais é que a segurança psicológica estará presente em qualquer ambiente de trabalho saudável, como a liberdade de assédio ou o compromisso de manter os trabalhadores livres de acidentes. Na verdade, ambientes de trabalho psicologicamente seguros são raros.
Criar segurança psicológica, isto é, a confiança de que a franqueza e vulnerabilidade são bem-vindas – num local de trabalho, é realmente desafiador e exige um grau elevado de comprometimento e habilidade. A razão para isso é simples: é natural que as pessoas retenham ideias, não façam perguntas e evitem discordar do chefe. Dada essa tendência, a livre troca de ideias, preocupações e perguntas é prejudicada – com muito mais frequência do que a maioria dos chefes imaginam. Para reverter, é preciso foco e esforço. Torna-se num processo para ajudar as pessoas a desenvolver novas crenças e comportamentos.
Mas o que é que explica o sucesso em promover a segurança psicológica? No presente artigo, identificamos quatro elementos essenciais, com base no estudo no SEB, que foram colocados em prática com diferentes técnicas que ajudaram equipas de gestão a focarem-se na sua perspetiva, ao mesmo tempo que consideram a dos outros, a sua franqueza e a sua vulnerabilidade.
Foque-se no desempenho
Em primeiro lugar, pense no que a maior parte dos executivos desejam, ou seja, o desempenho. A construção de um ambiente de trabalho psicologicamente seguro começa com a mudança da narrativa da intervenção da mudança cultural ou das habilidades interpessoais, com o objetivo de demonstrar que a qualidade e a franqueza da conversa são importantes para os resultados.
Em oposição, é mais difícil criar mudanças quando o objetivo é declarado como “ajudar as pessoas para que se sintam seguras” ou “tornarem-se melhores ouvintes”. Essas coisas importam, mas são meios e não os fins. Os executivos seniores acreditam na importância da segurança psicológica quando apreciam o seu papel na solução de problemas complexos.
Ainda assim, o insight por si só não produz mudança de comportamento. Primeiro, é necessário ajudar uma equipa a nível individual, de forma a progredir nos desafios mais importantes, praticando novas habilidades interpessoais em sessões seguras e programadas regularmente.
Em segundo lugar, importa ajudar os participantes que experimentaram progresso em situações difíceis a espalhar para outras equipas, começando por aqueles que eles lideram. Incentive-os a partilhar histórias que retratam como a franqueza, a vulnerabilidade e a tomada de perspetiva possibilitaram resultados bem-sucedidos.
Treine indivíduos e equipas
Para treinar indivíduos e equipas, é necessário desenvolver as habilidades individuais e da sua perspetiva, dado que facilitam a partilha franca de ideias e preocupações.
Mas essas habilidades ganham força quando as equipas as praticam juntas, ou seja, participar em diálogos entre equipas (conversas onde múltiplas perspetivas são integradas para gerar novas soluções) sobre tópicos complexos, estruturados e facilitados.
Incorpore a visualização
A visualização é usada em diversos contextos, desde atletas que procuram chegar a um recorde mundial, até terapeutas que tentam ajudar indivíduos a modificar comportamentos problemáticos.
As técnicas de visualização enfatizam os detalhes. A ideia é que, ao imaginar e escrever situações específicas e tangíveis, as pessoas são mais capazes de internalizar novas habilidades e colocá-las em prática. Embora seja difícil, numa fase inicial, para os executivos apresentarem exemplos, torna-se mais fácil com o passar do tempo, dado que se tornam melhores em perceber exemplos positivos e mais deliberados.
Normalize a vulnerabilidade relacionada ao contexto de trabalho
É normal sentir uma leve ansiedade como consequência de se sentir vulnerável. Diversos estudos sobre a ansiedade mostram que, praticar pequenos comportamentos de vulnerabilidade, auxiliam na diminuição dos níveis da mesma.
Ao focar-se no desempenho, ao trabalhar o nível individual e, ao mesmo tempo, o grupal, usando a visualização, normalizando a vulnerabilidade e (acima de tudo) usando problemas reais para desenvolver habilidades, enquanto progride em situações mais complexas, constituem uma abordagem poderosa para alterar o ambiente laboral e as capacidades de qualquer equipa.
Importa referir que é um trabalho árduo, mas torna-se numa vantagem competitiva poderosa. Construir capacidades relacionadas à segurança psicológica e tomada de perspetiva não pode ser considerado “básico”, mas torna-se cada vez mais pertinente para alcançar a excelência em contextos de negócios desafiantes.
Artigo original: 4 Steps to Boost Psychological Safety at Your Workplace