O T., cliente de um processo de executive coaching, foi identificado para o processo pelo seu manager, uma vez que ia assumir mais responsabilidades na empresa tecnológica da qual era, até à data, manager de 10 pessoas. Começamos com uma avaliação de Inteligência Emocional com recurso ao EQ360 (Inteligência Emocional) e a perspetiva de todos era bastante positiva. T. ficou muito surpreendido, sobretudo porque a sua própria auto-avaliação era, na maioria das áreas, inferior. Na área de Stress Tolerance, especificamente, foi bastante inferior à avaliação dos seus pares, direct reports e do seu próprio manager, o que deixou T. bastante aliviado por esse stress não se notar. T. tinha um segredo. Vivia grande parte dos seus dias a sentir-se ansioso e a sentir que tinha de camuflar essa ansiedade, para não ser visto como “fraco”.
A ansiedade é uma das principais causas de acidentes, decisões precipitadas, término das relações laborais e pessoais, de erros de comunicação, entre outros.
Estando a ansiedade relacionada com o futuro, esta surge devido ao medo e à incerteza do que poderá surgir a longo prazo. No campo da liderança, se a ansiedade estiver presente em níveis altos, colocando a cognição “à frente” da ação, poderá afetar o nível emocional do líder, fazendo com que este não desempenhe corretamente as suas funções ou possa colocar em causa o trabalho da sua equipa. A ansiedade pode ser uma resposta natural e importante, funcionando como um sistema de alerta para potenciais perigos.
Um líder com níveis de ansiedade elevados não irá ter repercussões somente a nível pessoal, mas como a nível profissional, tal como a diminuição da produtividade, da motivação e da qualidade de vida. Cada líder e cada equipa têm objetivos, desejos e necessidades que precisam de ser respondidas e, por outro lado, as organizações também têm expectativas quanto ao desempenho profissional dos seus trabalhadores para chegarem às suas metas e obterem sucesso.
O estilo de liderança predominante nas organizações vai ter reflexo no ambiente laboral, nas relações profissionais e no desempenho da organização. Caso o líder desenvolva ansiedade em níveis elevados, todas estas componentes podem ficar comprometidas.
É inegável que, do ponto de vista psicológico, o trabalho atua nos níveis da realização e motivação das pessoas, na procura da satisfação das necessidades, no aumento da perceção e dos conhecimentos e na possibilidade do desenvolvimento pessoal de cada colaborador. Contudo, também pode significar sofrimento, desgaste, tensão, alienação e comprometimento da saúde física e mental do colaborador.
O trabalho, sendo parte integrante da existência humana, assume significados pessoais diferentes, assim como são diferentes as suas consequências para cada colaborador. As relações e experiências profissionais podem levar a níveis elevados de ansiedade, reduzindo o seu bem-estar e a sua qualidade de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve que a maior fonte de stress e ansiedade para os adultos é o stress profissional.
O T., através de sessões de desenvolvimento individual tomou consciência sobre os seus gatilhos de stress e o potencial impacto que poderia ter em si e nos outros, apesar de ainda não ser percebido como tal. Depois desta compreensão, o T., começou a implementar estratégias de relaxamento muscular progressivo, para diminuir os picos de ansiedade e começou a valorizar mais o seu trabalho, pedindo ao seu manager para o alertar, sempre que algo não estivesse de acordo com o pretendido.
Assim, algumas estratégias para lidar com o stress enquanto líder, podem passar por:
- Realizar exercícios de relaxamento, meditação e/ou atividade física para diminuir os sintomas físicos da ansiedade
- Focar-se no seu desempenho profissional e compreender que está a dar o seu melhor
- Conversar com um colega sobre os seus receios
O T. é responsável agora por uma equipa de 30 pessoas, o que, confessou, lhe trouxe ansiedade pelo receio de não corresponder às expectativas. No meio do aumento diário de trabalho e de pressões, confessa que reserva sempre na sua agenda um momento para foco. “O impacto do meu stress nos outros ainda não estava a ser percebido mas era uma questão de tempo até não conseguir guardar mais este ‘segredo’” (T.).
Artigo: P4S – People For Success