De quando em vez, ouvimos que uma boa tomada de decisão depende da capacidade de alienar as nossas emoções e deixar o nosso cérebro racional provar porque somos diferentes dos outros animais. No entanto, no que às emoções respeita, o nosso cérebro funciona como o de um réptil. Quanto mais cedo compreendermos que não podemos dissociar as emoções dos processos de tomada de decisão, mais cedo poderemos tomar partido das mesmas.
O nosso cérebro de lagarto: nomeie e gira as suas emoções
Emoções são informação: sinais enviados ao nosso corpo antes mesmo do nosso cérebro racional ter a capacidade de avaliar uma determinada situação. Se ignorar as suas, perderá parte do quadro pintado à sua frente. Temos, em cada momento de cada dia, um determinado estado emocional que impacta, mesmo que sem que nos apercebamos, a forma como pensamos e agimos. Normalmente, é suficientemente suave para que não perturbe o nosso desempenho.
Ainda assim, as emoções estão sempre presentes em cada decisão que tomamos. Habitue-se a nomear como se sente e preste atenção a emoções disruptivas – tais como a ansiedade, a vergonha, o medo, e a raiva – que podem toldar o seu julgamento. Valorize as pistas emocionais que o seu corpo lhe dá, procure compreender o seu significado, e utilize esses dados para informar a sua decisão – tal como faria com qualquer outro tipo de informação.
Controlo de impulso: porque pode continuar a ouvir a sua intuição
O controlo de impulso é a capacidade de adiar uma resposta perante um estímulo. Se alguém da sua equipa acaba de cometer um erro significativo com um dos seus principais clientes, a sua reação imediata poderá ser levantar o tom de voz e despedi-la no local.
Talvez despedir o/a colaborador/a se revele a decisão acertada no final. No entanto, é improvável que, no momento, reúna em si informação suficiente e apresente a presença de espírito necessária para tomar essa decisão. Adiar o seu comportamento permitir-lhe-á analisar as suas emoções, gerir a forma como se sente e avaliar objetivamente a realidade, antes de prosseguir.
Por outro lado, controlar os seus impulsos não significa que deve ignorar a sua intuição. Os humanos são especialistas em detetar e compreender padrões de informação sensorial. Estes padrões baseiam-se em crenças e experiência, conduzem a uma tomada de decisão rápida e podem ser incrivelmente precisos e úteis. Afinal de contas, não são raras as vezes em que temos apenas segundos para ler uma sala e decidir como agir. Contudo, os nossos instintos são também permeáveis a preconceitos.
Teste a realidade: conheça os seus preconceitos, leia a situação objetivamente
Ao tomar decisões, por exemplo, relacionadas com contratação ou promoção, é indispensável parar, debater e analisar a sua intuição. Estarei a favorecer esta pessoa porque se parece comigo? Estarei a subavaliar alguém por não interagir tão frequentemente comigo? Ou estou, de facto, a pintar um quadro preciso da posição, equipa e necessidades organizacionais que a função exigirá, com base na minha experiência e visão?
Quando se torna consciente das suas emoções e preconceitos, é mais provável que considere toda informação relevante e avalie, desta forma, a realidade de forma exata. Tal não só resultará numa decisão bem informada, como também injetará confiança no seu processo de tomada de decisão.
Abrace as suas emoções ou veja-as comprometer as suas decisões. Lembre-se: têm sempre lugar à mesa, mesmo quando não as convida. Abra-lhes a porta de forma consciente e transforme as suas decisões!
Fontes:
The EQ Edge: Emotional Intelligence and Your Success de Howard E. Book & Steven J. Stein
Thinking, Fast and Slow de Daniel Kahneman