Vivemos diariamente situações de stress que nos podem levar a agir de forma inesperada e a não ser quem realmente gostaríamos.
Ter a capacidade de controlar os impulsos e gerir de forma adequada o stress é fundamental para que o processo de tomada de decisão não fique comprometido. As competências para lidar com o stress de uma forma funcional podem ser desenvolvidas e Susan David (Psicóloga e Professora da Harvard Medical School) mostra-nos como o podemos começar a fazer.
Em situações de elevado stress, as nossas emoções levam-nos frequentemente a agir de formas que, por vezes, nos arrependemos. A psicóloga e professora da Harvard Medical School Susan David oferece-nos lições preciosas para navegar no nosso mundo interior de pensamentos e emoções no seu livro “Emotional Agility”.
Podemos facilmente ficar “viciados” pelos nossos sentimentos quando enfrentamos dificuldades, refere David. “Os nossos pensamentos, histórias e emoções começam a dominar as nossas ações por oposição aos nossos valores, intenções e aquilo que queremos ser naquela situação.” Por exemplo, talvez gostasse de se voluntariar para liderar um novo projeto no trabalho mas tem medo de levantar a sua mão por receio de não ser escolhido. A sabedoria convencional diz para colocar o medo de lado e simplesmente forçar-se a voluntariar. Mas, de acordo com David, as investigações mostraram que essa abordagem não funciona: “As emoções voltam”.
Em vez de tentar ignorar uma emoção, David recomenda primeiro que tente classificá-la de forma específica. Digamos que sente que foi enganado numa reunião. Não generalize a sua frustração, confundindo-a talvez com a sua insatisfação geral com o seu trabalho. Reconheça para si mesmo que se está a sentir enganado. Esta atribuição de um nome conduz a uma melhor resolução de problemas, diz David.
Entre o estímulo e a resposta existe um espaço. Nesse espaço reside o nosso poder de escolher a nossa resposta. Na nossa resposta está o nosso crescimento e a nossa liberdade”
Se está a sentir-se enganado, o seu primeiro pensamento pode ser “desligar” a outra pessoa. Em vez de fazer isso, David aconselha a criar um espaço mental entre a emoção e o pensamento que sucede. Reconheça que está a sentir a emoção de ser enganado e o pensamento de querer atacar em retaliação. Viktor Frankl, o neurologista, psicólogo e sobrevivente do Holocausto, captou este conceito de forma eloquente “Entre o estímulo e a resposta existe um espaço. Nesse espaço reside o nosso poder de escolher a nossa resposta. Na nossa resposta está o nosso crescimento e a nossa liberdade”, disse ele.
Assim que tenha criado esse espaço mental, recue um passo e foque-se no pensamento de dar uma pancada na outra pessoa. Vai beneficiar com essa ação? Se está a ser verdadeiramente enganado, deve escolher a sua resposta de forma sábia. “A agilidade emocional não se tratar de estar certo ou errado”, refere David, “trata-se de saber se o seu comportamento o está a servir”.
Ao decidir como reagir, considere entender se o seu próximo passo está alinhado com os seus valores ou as suas crenças acerca da pessoa que quer ser. Talvez um dos seus valores seja trabalho em equipa. Se está a sentir-se enganado e decidir bater em alguém, pode causar danos duradouros na sua relação com essa pessoa e na sua reputação com os colegas. Uma melhor abordagem pode ser permanecer calmo durante a reunião e falar depois com o seu colega explicando-lhe que se sentiu enganado.
Passar por todos estes passos pode parecer demasiado para o calor do momento de uma situação de elevado stress e não tenha expetativa de mudar do dia para a noite. Mas usar este quadro deve tornar-se mais fácil com o passar do tempo. Prestar mais atenção às suas emoções e pensamentos pode torná-lo numa pessoa emocionalmente ágil e colocá-lo num caminho mais rápido para atingir os seus objetivos.
Artigo original “How To Manage Your Emotions In High-Stress Situations”
by Jeff Kauflin (in Forbes, 2016)