Colaboração, resolução de problemas e consciência social e emocional são tão necessárias quanto a literacia e a matemática. O termo carreira é muito usado e já muitos de nós acreditam que as competências sociais e emocionais fazem parte da mesma. Mas o que é que isso realmente significa na prática?
A Dra. Tara Laughlin, uma antiga professora e apaixonada pelo desenvolvimento das competências emocionais e sociais dos alunos que acreditava serem necessárias para o percurso académico e para a carreira, explicou recentemente que estas competências não se materializam simplesmente – devem ser ensinadas! Mas, devido a outras responsabilidades, muitos professores hesitam em passar o tempo da aula focados em algo que não esteja diretamente relacionado com o conteúdo.
“O mundo está a mudar e terminar o Secundário com conhecimento base de leitura, escrita, matemática, ciência e estudos sociais já não é o suficiente para ser hábil em termos académicos e na carreira” explicou Laughlin. “O sucesso está também ligado a competências como colaboração, resolução de problemas e consciência social, muitas vezes referida como as competências sociais-emocionais ou do Século XXI.”
Integração de padrões e emoções
O Instituto Aspen surgiu com um importante novo relatório “This Time, with Feeling: Integrating Social and Emotional Development and College–and–Career–Readiness Standards”. O sumário das descobertas do relatório referia “A instrução que promove o desenvolvimento social e emocional (DSE) do aluno facilita os seus melhores resultados nos padrões de agilidade académica e de carreira. O inverso é também verdade: ambientes de aprendizagem estruturados para irem genuinamente ao encontro de padrões rigorosos apoiam o desenvolvimento das competências sociais e emocionais dos estudantes. Para promover uma aprendizagem mais profunda, os educadores precisam de tirar o máximo proveito desta relação interconexa, e abordar o DSE, não como uma intervenção discreta, mas como uma parte integrada do programa académico.”
A instrução que promove o desenvolvimento social e emocional (DSE) do aluno facilita os seus melhores resultados nos padrões de agilidade académica e de carreira.”
Sabemos que estar na faculdade e começar uma carreira são experiências altamente emocionais. Faz todo o sentido integrar aspetos sociais e emocionais na aprendizagem, permitindo que os estudantes vejam desde o início como selecionar o que sabem, o que precisam de saber, os seus sentimentos e como interagem com os outros para atingir os seus objetivos. Isto também lhes mostra que este tipo de integração é um processo ongoing, na aprendizagem e na vida.
A ideia de que podemos simplesmente ensinar conteúdo académico e competências sociais e emocionais em silos não é suportada pela teoria, pela pesquisa e pela biologia. O relatório de Aspen fornece exemplos desde a pré-primária até ao Secundário de como o DSE e a agilidade na faculdade e na carreira são recíprocos em termos de benefícios para os estudantes e preparam um ciclo mais virtuoso de grandes conquistas do que aquele que se teria numa abordagem isolada.
Mas o que é que isto significa para os educadores?
Como podem eles abordar essas competências sociais e emocionais tão importantes enquanto ensinam o conteúdo que é necessário?
Um exemplo é o quadro desenvolvido por Laughlin que permite que os educadores desenhem unidades de instrução que integram a aprendizagem social e emocional (ASE) no conteúdo da agilidade de faculdade e carreira que estão a ensinar.
De seguida mostra-se como esta abordagem pode parecer da perspetiva de uma equipa de três professores de Ciências do 8º ano que começaram a planear juntos a próxima unidade de instrução sobre o método científico. Os professores de Ciências consideram que competências vão incorporar na sua unidade. Colocam a si próprios questões como:
- Que competências se prestam mais naturalmente à integração com o nosso conteúdo, o método científico?
- Que competências ASE notamos que estão em falta nos nossos alunos?
Tendo em conta estas considerações, de acordo com Laughlin, os professores decidem que vão integrar duas competências ASE nesta unidade – resolução de problemas e auto-controlo.
Depois, os professores pré-avaliam os seus alunos no método científico, resolução de problemas e auto-controlo. Utilizam o assessment sobre o método científico do ano anterior e para avaliar as competências desenham uma tarefa simples para os alunos completarem. Separam as três áreas (método científico, resolução de problemas e auto-controlo) numa série de pequenos conceitos que precisam de ser ensinados.
Após o ensino inicial, os professores desenham atividades para os seus alunos praticarem que lhes permitam conectar conceitos em termos de conteúdo e de competências. Observam estas atividades práticas de forma a terem insights e darem aos alunos mais tempo e apoio.
Com esta abordagem, os educadores são capazes de usar unidades que já conceberam ou unidades exigidas pela sua escola ou agrupamento (para outro conteúdo académico e de carreira essencial) e integrar competências sociais e emocionais no seu ensino.
Artigo original “Integrating Social and Emotional Competencies Into Academic Content”
by Maurice J. Elias